quarta-feira, 22 de setembro de 2010

like i´ve never been hurt





sexta feira. seis da tarde. residentes da medicina em greve.
mas os residentes da odonto não. (aliás, eu me auto-denomino residente apesar de estar matriculada no programa de aprimoramento. mas isso é assunto pra outro post).
eu e kátia vamos fazer a última visita antes de ir embora: checar interconsultas na enfermaria da infecto.
uma garota cantava musicas de roberto carlos pros pacientes de um dos quartos. katia achou que fosse parente de algum dos internados. eu achei que fosse algum tipo de voluntária.

não. erramos.
com a greve dos residentes, quem ficou responsável pelas enfermarias junto com a equipe de enfermagem foi os internos.
os internos são alunos do quinto ou sexto ano de medicina que fazem uma especie de estágio obrigatório, ainda na graduação, o tal do internato.

e eu e a katia, nunca mais vamos esquecer a doçura que aqueles garotos tinham com o lidar com os pacientes, o trato com as enfermeiras, e até com nós mesmas. receptividade, tolerância, boa vontade.
conforme os internos terminam a faculdade e entram na residencia (e isso serve pra mim também), os tocos, as broncas, a pressão, os pacientes que morrem, as aulas pra apresentar e a rotina burocrática do hospital ceifam toda a nossa doçura.
a gente fica calejado.
assumimos uma persona, como se isso fosse protejer a gente, e guardamos a nossa pessoa em lugar bem escondido.
acho que algumas pessoas esquecem onde se esconderam durante a residencia e ficam eternamente com a persona que criaram.

será que a garota tocando o violão vai continuar a fazer isso quando virar residente?
tomara.

e quanto a mim... quero voltar a ter a ingenuidade e a doçura dos internos.

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