quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

underworld.



joice e natália, na interligação subterrânea entre ICHC e IOT

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

os foras da semana

-...agora eu vou segurar o seu dente com isso aqui.. parece um alicate. vc corta sua unha com alicate?
-tia, eu não tenho mais unha!

ambulatorio de epidermólise, hoje.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

ele ia doar.

tem tantas coisas que não entendo.
o destino é tão ironico as vezes que chego a concordar que a vida é uma piada de mal gosto.

o cara tava fazendo os exames pra doar o rim pra esposa.
tipoassim... ela realmente precisa de um rim ou morre.

e um dos exames é a avaliação da odonto.
exame clínico -> coisa esquisita alí onde a boca encontra a garganta -> avaliação da buco -> biópsia ->resultado da biópsia.

ele ia doar o rim.

quando vc não ta se aguentando e ainda te colocam pra atender pacientes sobre um assunto que vc conhece menos que técnica de voo com paraglaider.

-então, seu josé! como está o senhor?
-olha doutor, não to muito bem não...
-então o senhor está mal!?
-não, não to mal não....
-então está bem!!!!!

um beijo pro dr claudio marinho por fazer meu dia mais feliz quando eu achava que estava tudo perdido.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

tudo passa.

nunca vou me esquecer da primeira vez que fui ao Sistema de Verificação de Óbitos (SVO).
para lá vão os corpos de pessoas que morreram de forma desconhecida, porém não violenta. (as violentas vão para o IML- instituto médico legal).

é tão incrível ver várias pessoas desconhecidas deitadas em macas umas ao lado das outras, totalmente desnudos e frios.
alguns já tem o peito enfeitado pela incisão de sutura em Y. um colarzinho post-mortem.
mas o que mais me impressionou foram detalhes de cada corpo. homens com a barba feita ou bem aparada. mulheres com as unhas pintadas. algumas com a raiz do cabelo por fazer.
essas pessoas provavelmente tinham planos a longo prazo. mas também tinham compromissos a curto prazo.
naquela semana a senhora poderia ter marcado pra pintar a raiz do cabelo no salão do bairro.
o moço pode ter feito a barba para algum emprego novo.

e eles vão faltar nos compromissos. a realização dos planos nunca vai chegar.

tudo passa.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

perdi playboy.

ontem, o "amanhã" não chegou pro meu paciente do post de baixo.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

até amanhã.

despedidas podem ser duras ou breves.
para as despedidas breves usamos um alegre "até amanhã".
lógico que pode ocorrer algum contratempo e você não vê a pessoa no "amanhã".

geralmente aplicamos laser profilático nos pacientes candidatos a desenvolverem mucosite uma a duas vezes por semana.
o paciente que atendi hoje, velho conhecido do ambulatório da odonto precisa da aplicação todo o dia. e as lesões não são de mucosite. são de doença do enxerto versus hospedeiro. é quando o transplante de medula não reconhece o paciente e as células novas da medula começam a atacar. tipo uma rejeição ao contrário. agora, o paciente é o corpo estranho.

quando terminei a aplicação hoje, conversei com ele sobre como seria interessante repetir diariamenter até o quadro sistemico melhorar. e soltei um "até amanhã".

vamos ver quantos dias eu consigo dizer "até amanhã" e efetivamete me encontrar com ele no "amanhã".
é que no caso dele, o contratempo vai ser irreversível.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

like i´ve never been hurt





sexta feira. seis da tarde. residentes da medicina em greve.
mas os residentes da odonto não. (aliás, eu me auto-denomino residente apesar de estar matriculada no programa de aprimoramento. mas isso é assunto pra outro post).
eu e kátia vamos fazer a última visita antes de ir embora: checar interconsultas na enfermaria da infecto.
uma garota cantava musicas de roberto carlos pros pacientes de um dos quartos. katia achou que fosse parente de algum dos internados. eu achei que fosse algum tipo de voluntária.

não. erramos.
com a greve dos residentes, quem ficou responsável pelas enfermarias junto com a equipe de enfermagem foi os internos.
os internos são alunos do quinto ou sexto ano de medicina que fazem uma especie de estágio obrigatório, ainda na graduação, o tal do internato.

e eu e a katia, nunca mais vamos esquecer a doçura que aqueles garotos tinham com o lidar com os pacientes, o trato com as enfermeiras, e até com nós mesmas. receptividade, tolerância, boa vontade.
conforme os internos terminam a faculdade e entram na residencia (e isso serve pra mim também), os tocos, as broncas, a pressão, os pacientes que morrem, as aulas pra apresentar e a rotina burocrática do hospital ceifam toda a nossa doçura.
a gente fica calejado.
assumimos uma persona, como se isso fosse protejer a gente, e guardamos a nossa pessoa em lugar bem escondido.
acho que algumas pessoas esquecem onde se esconderam durante a residencia e ficam eternamente com a persona que criaram.

será que a garota tocando o violão vai continuar a fazer isso quando virar residente?
tomara.

e quanto a mim... quero voltar a ter a ingenuidade e a doçura dos internos.

domingo, 19 de setembro de 2010

back to black.

fim de férias à vista.
uma vontade grande de voltar.
mas que diminui quando lembro dos tocos que estão por vir.

e a promessa (que está na moda hoje em dia) de postagens mais frequentes.

sábado, 11 de setembro de 2010

sei que faz tempo...

... que não venho aqui. e não é que não tenha mais coisas para dizer.

é que a dualidade de certas coisas que tem me tirado o sono não são dignas para virem pra cá.

gosto de dar aulas. não ligo de montar apresentações em ppt e apresentar prum monte de gente ora desinteressadas, ora interessadas demais.

mas o mundo academico me cansa muito. pesquisas me cansam.
manual de teses e monografias da faculdade de medicina da usp me cansa.
o endnote me cansa.
cobranças exdrúxulas me cansam.
a tabela de abreviações e siglas que eu não fiz suga a minha energia.
e no fundo, eu estou me lixando pra ela.



e eu acho que todas as pessoas que me cobram quanto a isso devem ter uma apostila metodológica até pra pendurar roupas no varal.

e eu nunca vou conseguir fazer um mestrado.

domingo, 30 de maio de 2010

a sequencia das coisas.



29/04/2010 - Aplicação de laser (no leito)
Joice/Katia/Bruna/Carol/Vítor

07/05/2010 - Paciente transferido p/ UTI
Joice

11/05/2010 - Óbito
Rafael

quinta-feira, 29 de abril de 2010

pensamento do dia

"Deus não devia dar filho especial pra pobre"

da mãe de uma paciente com epilepsia e deficiência mental, que trabalha como faxineira, e vem e volta de são miguel paulista ao hc de taxi porque o metrô/trem desencadeia crises convulsivas na filha.

terça-feira, 6 de abril de 2010

viver e morrer

minha relação com a vida e com a morte está mudando esse ano.

enquanto a gente está vivo, todo o tipo de merda pode acontecer.
o dente vai abcedar, vai dar osteonecrose na mandíbula, vai infeccionar a válvula mitral, vai dar broncopneumonia, infecção de urina, o cancer vai dar metástase, o transplante de medula não vai pegar, s.aureus vai colonizar o catéter e por aí vai...
quando eu tenho um paciente com estado de saúde instável, o assunto não abandona minha cabeça um segundo.

quando esse paciente morre, a tristeza toma o lugar da preocupação.
mas pensando racionalmente, os pacientes ficam melhores depois que morrem.
não tem mais que se preocupar com a taxa de neutrofilos, com o novo protocolo de quimioterapia, com a mucosite que impossibilita a alimentação, com a sonda nasogástrica que foi colocada por causa da mucosite, com o período nadir, com os dentes que são focos de infecção, com os novos acessos que vão receber, com um doador compatível de medula/rim/fígado/coração e com as novas cirurgias e pós operatórios que vão passar.
e nem eu.

até chegar o próximo paciente.

segunda-feira, 15 de março de 2010

enfermaria e UTI

quando uma paciente é transefida do quarto para a UTI, é porque ela piorou.
quando essa paciente é uma garota, com a cor dos seus olhos, a mesma boca pequena, a pele pálida, e a mesma idade que a sua, quem piora é você.

além disso, enquanto a paciente estava no quarto (recebendo quimioterapia) o dentista é requisitado. a mucosite é pauleira e rola solta. só nos resta diminuir os sintomas, pra evitar que o paciente pare de se alimentar pela boca. e isso já é muito nobre.
mas quando a paciente vai pra UTI, a gente deixa de ser útil. e saber que ela piorou e está morrendo e deixar de ajudar, nem que seja esse pouquinho, é horrível. a equipe médica de UTI ta pouco se lixando pro nosso trabalho.
-primeiro: porque eles "só" querem evitar que ela morra (o enfoque é completamente diferente entre enfermaria e UTI).
-e segundo: agora ela já está sendo alimentada pela sonda mesmo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

benjamin button e doenças neuro degenerativas.

"não sou vaidosa, não ligo muito pra questões de estética e beleza. me preocupo mais com o meu cérebro. se algum médico me dissesse -faça tal coisa que vc ficará livre de doenças neuro degenerativas- eu faria sem pensar duas vezes".

ouvi isso da chefe do serviço de neurologia pediátrica do hc.

e sou obrigada a concordar.



o fim de o curioso caso de banjamin button é quase clássico. estive pensando o filme todo em como resolveriam o fato de que ele teria que morrer. mas morrer de que? catapora?
e não é que o benjamin desenvolve alzheimer? começa a apresentar comportamentos estranhos, para de reconhecer as pessoas. se torna completamente dependente e definha até morrer. caiu como uma luva.

entretanto, benjamin teve uma vida boa. os sinais da doença se manifestaram quando ele já tinha alguma idade (ou não, haha).
o maior problema aqui, aparece quando os sintomas começam cedo.
alzheimer pode começar com 35 anos
huntington com 30.
esclerose múltipla com 20.

e então, com 40 anos o paciente está como benjamin estava quando morreu.
uma criança.
que aproveitou até os 20 e poucos anos.
mas que daí pra frente voltou no tempo.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

the blue kids group

com essa febre de crepúsculo e true blood, todas as pré adolescentes querem ter um ar mais vampiresco.
não me importo nem um pouco com olheiras e pele beeem branca. eu inclusive assumo essa forma de tempos em tempos.
mas, ver as criancinhas com as pontas dos dedos e os lábios roxos naturalmente não foi agradável.

cianose.
essa é a chave pro visual crepusculento.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

ruth e raquel

nunca me esqueço das gemeas da novela.
a gêmea boa. a gêmea má.

presenciar isso na vida real não é uma experiência agradável.
principalmente quando a "gêmea boa" não é sortuda como a mocinha da novela.

comportamentos autoritários entre irmãos sempre existiram. mas quando esse comportamento desencadeia doenças, a coisa fica feia.

gêmeas, 15 anos. mãe: dona de um buffet. pai: engenheiro alimentar (curioso, não?)
diagnótico da gêmea boa: anorexia purgativa
diagnóstico da gêmea má: anorexia purgativa + transtorno obsessivo compulsivo (toc)

avaliação e conduta psiquiatrica extremamente difícil, uma vez que houve e ainda há influência direta da gemea má (que teve a ideia de fazer dietas de 400calorias/dia e caminhadas de 3 horas diárias) sob a gêmea boa.
e mais delicada ainda fica a abordagem da gêmea boa. que não consegue decidir nada sozinha. que perdeu o livre arbítrio. e que acata qualquer ideia que a irmã possa ter.