minha relação com a vida e com a morte está mudando esse ano.
enquanto a gente está vivo, todo o tipo de merda pode acontecer.
o dente vai abcedar, vai dar osteonecrose na mandíbula, vai infeccionar a válvula mitral, vai dar broncopneumonia, infecção de urina, o cancer vai dar metástase, o transplante de medula não vai pegar, s.aureus vai colonizar o catéter e por aí vai...
quando eu tenho um paciente com estado de saúde instável, o assunto não abandona minha cabeça um segundo.
quando esse paciente morre, a tristeza toma o lugar da preocupação.
mas pensando racionalmente, os pacientes ficam melhores depois que morrem.
não tem mais que se preocupar com a taxa de neutrofilos, com o novo protocolo de quimioterapia, com a mucosite que impossibilita a alimentação, com a sonda nasogástrica que foi colocada por causa da mucosite, com o período nadir, com os dentes que são focos de infecção, com os novos acessos que vão receber, com um doador compatível de medula/rim/fígado/coração e com as novas cirurgias e pós operatórios que vão passar.
e nem eu.
até chegar o próximo paciente.
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